Fazer teatro em tempo de pandemia
Aprendemos com Shakespeare que “todo o mundo é um palco e todos os homens e mulheres são meros atores”. O teatro não é mais do que um lugar de reflexão sobre a vida e o mundo. Antes da pandemia retirávamos e colocávamos a máscara conforme as circunstâncias e conveniências… Hoje ela deixou de ser um símbolo teatral e transformou-se numa espécie de segunda pele.
É óbvio que a máscara oculta a nossa expressão, esconde a alegria ou a tristeza dos nossos rostos. Mas resta o olhar (e os olhos são o espelho da alma!) que ganha mais força e significado. E o desafio que se coloca ao ator é o mesmo de sempre: conseguir surpreender-se a si próprio no dia a dia.
Para isso é preciso não descurar as lições de Stanislavsky e de Peter Brook: representar não é um fingimento, nem um disfarce, nem um faz de conta – é expressar e exprimir uma verdade. A verdade das atitudes, dos gestos, dos sentimentos e das emoções. E isto aprende-se, estuda-se, desenvolve-se, aperfeiçoa-se, tendo sempre em linha de conta a nossa experiência e a experiência alheia.
Como tantas vezes já se disse e escreveu, o teatro é o efémero. Uma peça teatral existe enquanto dura a sua representação. É por isso que esta é uma arte que nos dá alegrias breves e angústias prolongadas… A construção de um espetáculo é uma coisa muito dolorosa, porque o ator é o próprio objeto de trabalho.
Com ou sem pandemia, continuamos a fazer teatro na nossa escola. Mesmo com o auditório inativo… Na minha sala de teatro a representação é diária e constante, conforme provam as fotos que ilustram este texto.
Por isso, com palco ou sem palco, vamos continuar a fazer teatro. Para exorcizar a banalidade do nosso quotidiano pardacento. E para levantar os véus da alma humana.
Viva o Teatro!
Victor Rui Dores